No aniversário de 25 anos do acidente nuclear mais famoso do mundo, o retrato de Chernobyl de hoje mostra o poder e os efeitos da radiação.
Por Daniel Pavani
Em 26 de abril de 1986, explodia o reator nuclear da usina de Chernobyl, no norte da Ucrânia, causando o que seria o maior e mais deletério acidente nuclear da história. Hoje, exatos 25 anos depois, pouca coisa mudou com relação à radiação e ao isolamento da região, que se tornou uma “cidade fantasma”.
A explosão ocorreu na madrugada do dia 26 matando imediatamente quase todos os funcionários da usina. Os funcionários que sobreviveram à explosão, os encarregados do resgate e da limpeza imediata do local e muitos outros habitantes da região acabaram por morrer mais tarde devido aos efeitos da radiação – em geral, câncer.
Atualmente, a zona de exclusão possui um raio de 30 km a partir da usina e é estritamente proibido o acesso ao local. Mesmo assim, jornalistas da BBCconseguiram entrar, no início de abril, e mostram um vídeo (goo.gl/GXCQe) da situação em Chernobyl. Salas de controle destruídas e com o nível de radiação ainda muito alto, parques de diversão de crianças abandonados na cidade, prédios, escolas; tudo formando uma verdadeira cidade fantasma.
Visão do estado da sala de controle do reator que explodiu, 25 anos depois. Crédito: Reprodução/BBC.
O acidente na usina nuclear de Fukushima (goo.gl/rKQOG), no Japão, em março de 2011 trouxe à tona os acontecimentos de Chernobyl. Entretanto, mesmo que se comparem os acidentes, o que ocorreu na ex-União Soviética teve proporções muito maiores. Por muitas razões, que vão desde políticas (como a URSS tentar encobrir o ocorrido) até tecnológicas, a limpeza do local e a contenção da radiação foram muito menos eficientes.
Os técnicos que trabalharam em Cheynobyl não tiveram como conter a radiação que foi dispersada pela atmosfera, atingindo áreas bastante afastadas do local do acidente. Material radioativo foi espalhado por todo o Hemisfério Norte, tendo se tornado, inclusive, um marcador cronológico para estudos geológicos e oceanográficos, por exemplo.
Diversas obras foram feitas para a construção de um abrigo para isolar o reator e o material radioativo que ainda oferece riscos enormes para toda a região. O material radioativo que vazou no derretimento do reator nuclear tem uma meia-vida muito maior que o tempo de uma geração humana e, sendo assim, não são 25 anos que irão apagar os efeitos da radiação para a região.
Laurin Dodd, responsável pelo projeto de um abrigo para a usina, conta que a situação pode parecer estável e controlada por fora, mas que a radiação ainda é muito alta dentro da usina. Há planos de construção de um novo abrigo, que poderia isolar a radiação por mais 100 anos, possibilitando uma tentativa de revitalização da região devastada pelo acidente.
O que restou de uma sala de aula em Chernobyl. Crédito: Sergei Supinski/AFP/Getty Images.
A página da revista Time mostra um galeria de fotos (goo.gl/ff8sw) que retratam muito bem o estado da região da Chernobyl atual. Quando se entende as reações nucleares (entenda aqui: goo.gl/TdJ4Y) e os efeitos da radiação, fica mais fácil entender o que aconteceu tanto na usina da ex-URSS quanto em Fukushima e o quão importantes são as medidas de segurança e prevenção de acidentes.